RECICLAGEM DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS

RECICLAGEM DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS 


Em 2022, o Electrão enviou para reciclagem 23 934 toneladas de equipamentos elétricos usados, mais 40% do que em 2021. Mesmo assim, nesta área Portugal continua abaixo da média europeia. 




Segundo dados do Eurostat relativos a 2020, e no conjunto das entidades gestoras de resíduos, Portugal havia atingido uma taxa de reciclagem total de 32% dos REEE – equipamentos ou componentes eletrónicos descartáveis –, um valor que coloca o nosso país abaixo da média europeia, que se fixava nos 45%. No topo da lista estão a Bulgária e a Finlândia. No entanto, os valores mais recentes do último ano da atividade do Electrão – Associação de Gestão de Resíduos demonstram uma tendência no aumento do número de toneladas de equipamentos enviados para reciclagem. Foi o que confirmou às Selecções Ricardo Furtado, do Electrão:


«Em 2022 enviámos para reciclagem 23 934 toneladas de equipamentos elétricos usados, mais 40% do que em 2021, ano em que foram recolhidas 17 083 toneladas. Do total de equipamentos recolhidos e encaminhados para reciclagem, 13 mil toneladas são grandes equipamentos elétricos, como máquinas de lavar e frigoríficos, cerca de 10 mil toneladas são pequenos equipamentos, que vão desde pequenos eletrodomésticos para preparação de alimentos, higiene pessoal e bricolage até equipamentos informáticos e tecnológicos, e 315 toneladas são lâmpadas.» O aumento verificado também demonstra que os portugueses estão mais informados e disponíveis para fazer reciclagem. Um dos fatores determinantes para isso é terem acesso aos locais de recolha: «Para atingir este aumento muito expressivo da reciclagem foi determinante a expansão do número de locais da rede de recolha do Electrão, mas também comprometimento e profissionalização dos diferentes parceiros e o contributo específico dos operadores de gestão de resíduos com os quais o Electrão reforçou a colaboração em 2022. A quantidade de aparelhos em fim de vida recolhidos diretamente pela rede de locais de recolha do Electrão registou um aumento de 6% em 2022 face ao ano anterior. As recolhas próprias passaram de 16 250 toneladas, em 2021, para 17 268 toneladas, em 2022», disse às Selecções Ricardo Furtado.


A recolha deste tipo de equipamentos é regulada por lei e é feita por entidades chamadas Gestor de Resíduos. O Electrão é uma delas, e o seu âmbito de atuação abrange três áreas distintas: «Somos responsáveis por três dos principais sistemas de recolha e reciclagem de resíduos – embalagens, pilhas e equipamentos elétricos usados. Asseguramos a reciclagem dos resíduos recolhidos, contribuindo para a minimização do impacto ambiental e o reaproveitamento dos materiais que os constituem promovendo a economia circular. A par disso, desenvolvemos diversas campanhas de comunicação e sensibilização com o objetivo de promover uma maior consciencialização ambiental e mudança de comportamentos, de que se destacam o Quartel Electrão, a Escola Electrão, o TransforMAR e o Movimento Faz pelo Planeta By Electrão», diz Ricardo Furtado. 


A maioria dos consumidores está cada vez mais informada sobre como e onde fazer a reciclagem dos seus equipamentos em fim de vida, até porque muitas vezes isso é garantido pelos operadores comerciais no momento da venda: fazem a entrega do novo aparelho e recolhem o usado para reciclagem. Mas, em consciência, a maioria dos consumidores desconhece o que acontece depois ao equipamento. Para onde vai? Qual o percurso que é feito até que seja considerado totalmente reciclado? 


«Os resíduos de equipamentos começam por ser transportados para centros de receção e tratamento. De seguida, são separados manualmente por categorias. Os componentes de remoção obrigatória, como pilhas ou cabos, são extraídos, e outras frações, como aço, alumínio, plástico ou vidro, também são separadas. Segue-se a fase da despoluição. Um técnico qualificado retira todas as substâncias perigosas e nocivas, como gases no caso dos equipamentos de frio, ou lítio, tratando-se de pequenos equipamentos», explica Ricardo Furtado. E assim termina a primeira fase da reciclagem destes materiais. Depois, segue-se a fase da fragmentação: «Posteriormente os equipamentos são sujeitos a uma fragmentação mecânica para reduzir o seu volume. As lâmpadas e os equipamentos de frio são fragmentados em ambiente controlado para que seja assegurado o correto tratamento dos materiais perigosos, como o mercúrio, o fósforo ou CFC. A separação mecânica destina-se a separar os fragmentos obtidos de acordo com as características físicas, como metais ferrosos ou plásticos. Depois deste processo os resíduos transformam-se em matéria-prima e estão prontos para serem incorporados em novos produtos», salienta Ricardo Furtado, do Electrão.


Parte importante da reciclagem é a reutilização dos materiais obtidos que assim ganham nova vida e valor em produtos de uso diário. Ricardo Furtado dá alguns exemplos: «O aço de uma torradeira é suficiente para produzir 25 latas de uso alimentar. O alumínio de um ferro de engomar pode ser usado para produzir latas de bebida. Os metais preciosos contidos em 88 telemóveis podem dar origem a um anel de noivado.»


A reciclagem de equipamentos elétricos permite recuperar vários tipos de materiais, como o aço, o alumínio, o plástico e o vidro, que podem ser reutilizados como matéria-prima para vários tipos de indústria, desde o mobiliário aos materiais de construção, passando pelos têxteis e o calçado. Ao usarem materiais reciclados, estas indústrias evitam a extração de matéria-prima virgem e poupam os recursos do planeta. Mas nem todos os materiais retirados ou obtidos na reciclagem são reutilizáveis, e por isso não voltam à chamada economia circular. Neste caso, o processo final é diferente de modo a serem eliminados sem prejudicar o ambiente. «Alguns plásticos com substâncias perigosas que resultam do tratamento de equipamentos elétricos usados, nomeadamente plásticos que contêm retardadores de chama, que são poluentes orgânicos persistentes (POP), não são recicláveis e devem ser eliminados em segurança. O Electrão promove um projeto inovador, pioneiro em Portugal, designado “Controlo de Plásticos Mistos e com Retardadores de Chama”, em parceria com a Interecycling – Sociedade de Reciclagem e com a AVE – Gestão Ambiental e Valorização Energética, dois dos principais operadores de tratamento de resíduos nacionais. No âmbito deste projeto, os plásticos são separados recorrendo a meios óticos e por densidade. Como resultado do processo de separação é possível obter um fluxo de plásticos sem retardadores de chama, livre de contaminação de componentes químicos perigosos, que é encaminhado para reciclagem sem qualquer problema de segurança. Já a fração de plásticos com retardadores de chama é encaminhada para valorização energética, conforme previsto na legislação, para queima e eliminação em ambiente controlado», explica Ricardo Furtado. 


De referir que a questão da utilização dos chamados plásticos retardadores de chama – que minimizam o efeito do risco de incêndio nos aparelhos durante o uso – levou os fabricantes a alterarem os componentes usados no fabrico dos mesmos: «Os retardadores de chama são químicos poluentes persistentes, bioacumuláveis e tóxicos para o homem e o ambiente. 



A nova geração de equipamentos já tem em conta esses limites previstos, que pressupõem menor impacto, mas conferem aos equipamentos as mesmas características de resistência ao calor e fogo, o que tem sido possível graças à investigação e desenvolvimento técnico promovidos por vários fabricantes», diz Ricardo Furtado, do Electrão. 



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84% DE VALORIZAÇÃO ENERGÉTICA

Segundo o Electrão, as mais de 23 mil toneladas de equipamentos elétricos recolhidas em 2022 foram encaminhadas na sua totalidade para unidades que asseguraram operações de reciclagem e valorização. Em 2022, a taxa de reciclagem, que diz respeito ao reaproveitamento dos materiais, foi de 78%, e a taxa de valorização, que engloba a valorização energética, atingiu os 84%. 



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9000 PONTOS DE RECOLHA 

Em 2022, o número de locais de recolha registou um crescimento de 22%. Existem atualmente mais de 9000 locais disponibilizados pelo Electrão, onde é possível depositar este tipo de equipamentos usados. É possível saber quais são esses locais consultando o site 

www.ondereciclar.pt. 


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