NAZARÉ

NAZARÉ

Um milagre à beira do precipício

 


 

Por via de regra, a lenda nasce da história. Na Nazaré, é a história que nasce da lenda. Tudo começa com a Perdição das Espanhas na Batalha de Guadalete no ano de 711. O rei Rodrigo, segundo pretende a lenda, não morreu na batalha. Sobreviveu, fugiu e foi refugiar-se no Mosteiro de Cauliana. Aí conheceu um santo monge, Frei Romano, que guardava uma das mais sagradas relíquias da cristandade. Nem mais nem menos que a imagem de Santa Maria com o Menino ao colo, talhado num pedaço de cedro pelo próprio esposo, o carpinteiro S. José. Rei e Monge fugiram juntos, levando consigo a imagem. Andaram muitos dias até chegar ao ponto onde a terra acaba e começa o oceano.


Não havia ali outras moradas que não fossem as furnas das rochas, abertas na falésia sobre o mar, e foi numa dessas cavidades que esconderam a imagem sagrada. A lenda tem mais capítulos, mas só importa lembrar o que aconteceu passados cerca de 500 anos.


Um bravo cavaleiro, D. Fuas Roupinho, perseguia uma corça, soberba peça de caça. Ele não o sabia, mas aquela corça era uma criatura do demónio e queria arrastar-lhe a alma para as profundezas do inferno. Por isso, correu até ao alto do rochedo e atirou-se ao mar. Só nessa altura D. Fuas entendeu a cilada mortal e bradou "Santa Maria me valha!" E Santa Maria estava ali mesmo, escondida sob o rochedo. Segurou a pata do cavalo e salvou o herói do abismo.


Quem não acreditar vá lá e veja: lá está, profundamente cravada na pedra, a pegada do cavalo.


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Excerto retirado de "Lugares Históricos de Portugal" do Prof. José Hermano Saraiva


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