A GRANDE FUGA DE BALÃO

A Grande Fuga de Balão

   

Nas celebrações do nosso 100.º aniversário, trazemos-lhe este artigo «de interesse duradouro». Foi originalmente publicado na edição de março de 1980. 



Uma família atreveu-se a alcançar a liberdade pelos ares. 


ONDE QUER QUE EXISTA TIRANIA, há sempre tentativas de fuga para a liberdade. Ao longo dos anos, milhares de pessoas arriscaram a morte e a prisão para escaparem às condições opressivas do regime comunista da Alemanha Oriental. Treparam o odiado Muro de Berlim, escavaram túneis sob as barreiras da fronteira e mergulharam à noite, procurando, a nado, asilo no Ocidente. Muitos não conseguiram. Muitos receberam a pena capital e morreram nos campos minados ou pendurados nos fios da «faixa da morte» ao longo da fronteira. Ainda assim tentaram.


Esta é a incrível história de duas famílias da Alemanha Oriental que, dez anos antes da queda do Muro, construíram um balão de ar quente – e ousaram tomar os ventos da liberdade.




Aninhadas entre campos de milho e vales verdejantes com florestas de pinheiros a perder de vista, na década de 1970 as cidades de Pössneck e Naila pareciam idênticas. Geograficamente, distavam 64 quilómetros. Politicamente, os seus habitantes não pareciam viver no mesmo planeta.


Naila ficava na Alemanha Ocidental, e os seus 9700 habitantes eram livres. Pössneck, com cerca de 20 mil pessoas, ficava na Alemanha Oriental. As antenas de televisão nos telhados das casas estavam viradas na direção de Naila: era através da televisão que os habitantes de Pössneck eram recordados de como era melhor viver do outro lado da Cortina de Ferro.


No dia 7 de março de 1978, o engenheiro eletrotécnico Peter Strelzyk, de 35 anos, sentou-se em casa, com o amigo Günter Wetzel, pedreiro e camionista de 22 anos.


Durante anos, os dois – casados e cada um com dois filhos – tentaram encontrar uma maneira de fugir para o Ocidente com a família. Não podiam atravessar a fronteira a pé por causa da «faixa da morte» de metralhadoras controladas eletronicamente para matar os fugitivos, e atravessar um rio a nado, mesmo que estreito, era impraticável devido às muitas torres de vigia, além das margens minadas. Até então, nenhum deles tinha pensado noutra forma: pelo ar.


«Descobri!», gritou Peter, levantando-se de um pulo e dando uma palmada nas costas do amigo. «Vamos de balão!»


Günter olhou para ele, espantado. «E onde arranjamos um balão?»







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Aterraram no meio de um pequeno pinhal. As árvores despedaçaram o balão mas suavizaram a queda.

Na sequência da fuga no balão de ar quente, as famílias Wetzel e Strelzyk posam para a fotografia com os guardas fronteiriços da Alemanha Ocidental.

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