COMBATER A FADIGA

Combater a fadiga

O primeiro passo é analisar para descobrir a causa.

Christina Frangou




Não quer levantar-se da cama e, quando o faz, não sente energia. Ao longo do dia, falta-lhe a capacidade de concentração. Tal como os pesadelos e os cortes com papel, a fadiga atinge as pessoas em algum momento da vida. Cerca de um terço das pessoas que consultam o médico de família apontam a fadiga como motivo.


Muitas vezes a fadiga é a resposta normal do organismo a circunstâncias como o stress, alteração dos padrões de sono ou maior carga de trabalho. Como nem sempre é possível evitar essas situações, o Dr. Tom Leclercq, professor de Medicina na Universidade de Gant, na Bélgica, sugere permitir-se mais tempo que o normal para descansar de modo a recuperar os níveis de energia. «É muito importante ouvirmos o corpo quando nos pede mais horas de sono.»

Agora vem a parte complicada: apesar de a fadiga poder ser mitigada com mais descanso e alterações no estilo de vida, também pode ser um sintoma de algo mais sério.

O Dr. Declerq recomenda que consulte o médico de família sempre que se aperceba de outras alterações físicas além do cansaço ou se a fadiga persistir duas semanas após ter alterado o seu estilo de vida.

Quando falar com o médico, a descrição da sua experiência de exaustão é fundamental para o ajudar a identificar uma eventual causa subjacente. Apesar de a fadiga ser comummente descrita como falta de energia e motivação, isso pode manifestar-se em termos físicos, mentais ou ambos.

Há perguntas que deve fazer antes da consulta: sente-se recuperado após uma boa noite de sono? Acha difícil concentrar-se em projetos? Cansa-se rapidamente quando fisicamente ativo? A fadiga acompanhada de febre pode indicar uma infeção, enquanto as tonturas podem ser um sinal de anemia. A dificuldade em respirar pode sugerir doença cardíaca. Se sentir tristeza ou nervosismo, a causa pode ser depressão ou distúrbio de ansiedade e sentir-se melhor se tomar antidepressivos ou começar a fazer terapia cognitiva comportamental.

A fadiga que surge de repente, que se prolonga no tempo e vem associada a perda de peso ou suores noturnos pode ser um indicador sério de cancro.

Obviamente deve considerar a qualidade e a quantidade de sono. Uma higiene de sono deficitária – como dormir com um animal de estimação ou usar ecrãs até tarde – pode perturbar-lhe o descanso. A apneia de sono é outra causa comum: quem padece desta doença para de respirar pelo menos durante 10 segundos de cada vez durante o sono.

A ingestão de álcool também pode piorar o sono e, quanto mais consumir, maior o efeito. Apesar de o álcool poder ajudar a adormecer, interrompe o ritmo circadiano e, por isso, é um obstáculo ao descanso reparador.

Quando é que uma «simples» fadiga se torna síndrome de fadiga crónica (SFC)? Não existem exames específicos para a SFC (também conhecida como encefalomielite miálgica ou doença sistémica de intolerância ao esforço) mas esta condição define-se como um estado de fadiga profunda e prolongada que perdura mais de seis meses sem uma causa identificável, prejudicando a função cognitiva e causando exaustão debilitante mesmo após o menor esforço físico e mental. Não se sabe ao certo quantas pessoas sofrem de SFC nem qual a sua causa. Enquanto não existe cura, o exercício pode ajudar em casos persistentes. «Quando as pessoas têm tendência a ter fadiga crónica, não é boa ideia ficar sentado no sofá. É muito melhor mexer-se», explica o Dr. Leclerq.


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