A ciência sabe porque…
1Temos pele de galinha. Quando sentimos um arrepio ou vemos algo que mete medo, o corpo liberta uma descarga de adrenalina. O objetivo é fazer o pelo do corpo ficar de pé – o que ajudava os animais nossos antepassados a manterem-se quentes e também os fazia parecerem maiores perante os predadores. Fazer estes pelos ficarem em sentido exige que os minúsculos músculos na base de cada folículo se contraiam, fazendo com que a pele pareça vagamente uma galinha depenada – daí «pele de galinha».
2Temos dentes do siso. Os dentes do siso são, na verdade, uma terceira fileira de molares. Permitiam aos nossos antepassados mastigarem comida dura como raízes, frutos secos e carne, em particular quando os outros dentes caíam. Cerca de 36% das pessoas nunca desenvolvem dentes do siso, em parte por causa da mudança evolucionária, que significa que o maxilar humano é muitas vezes demasiado pequeno para elas. As outras começam a desenvolvê-los por volta dos 10 anos, embora só nasçam por completo na idade adulta.
3Os dedos de pés e das mãos ficam enrugados com a água. Quando tomamos banho, a água penetra na pele fazendo as camadas superiores incharem. Isso faz com que os vasos sanguíneos subjacentes se contraiam, o que, por sua vez, faz com que alguma da camada superior da pele colapse. O padrão irregular entre inchado e pele colapsada é o que percecionamos como rugas nas pontas dos dedos.
4Os joelhos estalam depois de se estar muito tempo sentado. Os sons que ouvimos são provavelmente causados por gás a ser libertado dos espaços entre as articulações – como quando se estalam os dedos. Os músculos ou tendões a roçarem contra os ossos também podem tornar as articulações «crocantes». «Dizemos que o movimento é uma pomada», diz o Dr. Kim I. Steams, cirurgião ortopédico no Lutheran Hospital, no Ohio. «Quando estamos sentados o fluido nas articulações não se mexe. Quanto mais ativos formos, mais as articulações se lubrificam» e menos barulhos fazem.
5 Sentimos dor no lado ao correr. Iniciar uma nova rotina de exercício pode fazer pressão, para cima a partir do abdómen ou para baixo dos pulmões, no músculo diafragma entre ambos. Isto restringe o fluxo de sangue e faz com que o diafragma irritado tenha um espasmo. Assim que o corpo se habitua ao esforço, a dor no lado deve cessar.
6O estômago grunhe quando temos fome. Quando os recetores existentes nas paredes do estômago sentem a ausência de comida, enviam ondas elétricas. Estas fazem as paredes musculares do estômago contraírem e descontraírem, fazendo um som de rugido. Também pode ouvir agitação porque as contrações agitam água e ácido no estômago.
7A saliva tem um sabor metálico mesmo antes de vomitar. A saliva normalmente tem um pH entre 6 e 7, a meio caminho entre ácido e alcalino. Quando estamos prestes a vomitar o corpo produz mais saliva alcalina, que tem um sabor metálico, para neutralizar a acidez do vómito. Se esta saliva metálica ocorrer consistentemente, podemos sofrer de refluxo silencioso, uma doença caracterizada pela subida do ácido do estômago até à parte de trás da garganta.
8Vemos manchas depois dos flashes das câmaras. Os fotorrecetores no fundo do olho convertem a luz em impulsos elétricos que são enviados para o cérebro para produzir as imagens que vemos. «Quando o flash de uma câmara dispara, é tão brilhante que estimula demasiado os fotorrecetores», explicou à statnews. com Elain Icban, professora assistente de optometria clínica na Faculdade de Optometria da Nova Inglaterra. Enquanto os fotorrecetores estão a recuperar, o cérebro não «vê» e preenche os espaços com manchas.
9Espirramos quando olhamos para o Sol. Reflexo de espirro fótico é o nome deste fenómeno peculiar. «O nervo ótico, que sente uma mudança na luz, está muito perto do nervo trigeminal, que controla o espirro», diz a Dra. Amy Rantala, do Sistema de Saúde da Clínica Mayo em Eau Claire, no Wisconsin. Quando olhamos para o Sol, ou quando saímos de uma sala escura para a luz clara, o nervo ótico contrai as pupilas. O nervo trigeminal pode ter a sensação de que há uma irritação no nariz, provocando o espirro.
10Cada célula do nosso corpo suporta dezenas de milhar de lesões no ADN todos os dias. Em último caso, este dano pode alterar o ADN da célula e programá-lo para destruir tecidos do corpo, resultando na doença que conhecemos como cancro. Felizmente no nosso corpo também há a primeira linha de defesa. Enzimas verificam constantemente as cadeias de ADN em busca de sinais de cancro e substituem as partes danificadas.
11 Temos a sensação de ter o estômago na garganta como numa montanha-russa. Quando o carro passa numa elevação e depois se afunda, o cinto de segurança pode manter o traseiro no sítio mas alguns órgãos internos menos presos – como o estômago e intestino – ficam algum tempo «no ar». Os nervos detetam o movimento, que registam como a sensação de que o estômago saltou até à garganta.
12 Temos cãibras nas pernas. A cãibras nas pernas é dolorosa mas é comum nos músculos gémeos. Um estudo descobriu que os nervos dentro do músculo podem disparar até 150 descargas elétricas por segundo durante uma cãibra, que é o que força o músculo a contrair-se tanto. As causas potenciais incluem desidratação, excesso de esforço e alguns medicamentos, como diuréticos.
13 Podemos cheirar a ovo podre depois de comermos carne. Consumir demasiada carne (em particular vermelha), em conjunto com a incapacidade de a digerir bem, pode provocar um odor sulfuroso causado pelos aminoácidos da comida que contém enxofre. Um pequeno estudo concluiu que as mulheres classificavam os odores corporais dos homens como mais atrativos, agradáveis e menos intensos depois de passarem duas semanas sem comerem carne vermelha, de acordo com a Universidade da Califórnia, em Berkeley.
14 Temos um esqueleto praticamente novo a cada dez anos. As células ósseas antigas estão constantemente a ser substituídas por novas, um processo chamado remodelação. Isto ajuda a reparar os danos no esqueleto e previne a acumulação de demasiado osso velho, que pode tornar-se estaladiço e quebrar-se mais facilmente.
15 Piscamos constantemente. Em média, uma pessoa pisca os olhos 15 a 20 vezes por minuto. Sempre que o faz, as pálpebras espalham um cocktail de óleos e secreções mucosas na superfície do globo ocular para os impedir de secarem. Piscar também mantém olhos protegidos de estímulos potencialmente nocivos, como luzes intensas e corpos estranhos como o pó.
16 Trememos quanto temos frio. «O nosso corpo está sempre a tentar manter a temperatura o mais próximo possível dos 37 graus», diz o Dr. Rantala. «Trememos quando temos frio de modo a criar calor», contraindo e expandindo os músculos em surtos rápidos.
Ainda tenta explicar…
17 A bola pendurada no fundo da garganta. Os cientistas não percebem ao certo o que faz a úvula, mas como é única dos seres humanos suspeitam que desempenha um papel na fala, provavelmente segregando saliva suficiente para lubrificar a boca enquanto falamos e engolimos. Para os falantes de línguas como o Francês e o Arábico, que usam sons conhecidos como consoantes uvulares (o r na palavra francesa maître, por exemplo), a falta da úvula pode afetar a dicção.
18 Espasmos hípnicos. Estima-se que 70% das pessoas já sentiram um espasmo súbito mesmo antes de adormecerem. A investigação ainda não isolou a razão destes chamados espasmos hípnicos, mas uma teoria é que, à medida que a respiração e o ritmo cardíaco desaceleram, os …
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