Além disso, também se pode encontrar uma grande quantidade de programas na Internet, assim como aplicações para tablets e telefones. Resultam? A resposta é sim e não, porque tudo depende dos nossos objetivos, do quanto estamos dispostos a trabalhar (ou, neste caso, a jogar), e do software que usamos.
Imagine um adolescente que pretende melhorar as suas capacidades atléticas gerais. O que deverá fazer? Pode correr numa pista para aumentar a velocidade e a resistência, mas isto não irá ajudá-lo no seu desempenho no basquetebol. Poderá passar semanas a treinar fintas, mas isso de nada lhe servirá para marcar um cesto. E nenhum destes treinos irá ajudá-lo no golfe.
O SEGREDO ESTÁ NA VARIEDADE
Com o treino do cérebro passa-se o mesmo. Existem inúmeros tipos de capacidades cognitivas. Os melhores programas trabalham vários, incluindo a velocidade de processamento, a acuidade visual, a audição, a concentração e a atenção, o raciocínio, a orientação espacial e a memória. Estes incentivam uma melhoria geral do cérebro, por oposição àquilo a que podemos chamar o «efeito Sudoku» — quem está sempre a resolver problemas de Sudoku pode ser muito rápido a preencher quadrados com números, mas não irá contar melhor os trocos no supermercado.
Os detratores defendem que não existem provas de que qualquer um destes jogos ajude realmente a melhorar as funções mentais e que é o negócio a sobrepor-se à ciência. Contudo, não há dúvida de que é benéfico treinar algumas capacidades. Por exemplo, uma empresa norte-americana que desenvolve programas para exercitar o cérebro testou o seu programa de oito semanas em adultos entre os 60 e os 97 anos e afirma que a memória destes melhorou significativamente, mesmo passados meses. Estão em curso estudos mais aprofundados realizados pelas empresas mais conceituadas na produção destes programas no sentido de determinarem se, e como é que, estes jogos podem prevenir ou atrasar problemas de memória associados ao envelhecimento ou mesmo de demência.
Conclusão: os jogos podem ser uma ajuda, e o único mal que fazem é à carteira. São muitas as pessoas que os apreciam, mas não é preciso comprarmos jogos de computador para mantermos o nosso cérebro ativo.
«Tudo o que faça pode ajudar de uma maneira ou de outra », afirma o especialista em memória Robert Logie, professor de Neurociências Cognitivas Humanas na Universidade de Edimburgo. «Tocar um instrumento, cantar num coro ou inscrever-se num clube com um interesse especial, ter aulas à noite ou aprender uma língua são atividades estimulantes e que também proporcionam benefícios sociais.»
E acrescenta: «Compre jogos por diversão, mas não se esqueça do resto do mundo; existem inúmeras e fascinantes maneiras não digitais de desafiar o seu cérebro.»
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Texto retirado de "Cérebro em Forma para Toda a Vida"