Mais um ano, novinho em folha, para desbravar. Um ano em que a nossa vida pode seguir igual, sem sobressalto de maior, ou em que tudo se apresenta diferente para nos fazer questionar as coisas como as conhecemos até aí.
Por vezes, quando tudo parece tranquilo e sem motivos de maior para alarme, o futuro encarrega-se de nos pregar partidas. Por outro lado, quando tudo parece desmoronar, quando tudo se desarruma de uma forma inesperada, a vida desafia-nos a ultrapassar, a melhorar, a olhar para a frente e a encarar uma nova oportunidade.
A diferença está aí, conseguir fazer de um revés uma aprendizagem, ou de uma perda uma mudança.
Claro que falar é fácil, um desgosto tolhe-nos a razão, dobra-nos na concha de onde não queremos sair. E não adiantam as palavras, que nos parecem vãs, de quem não se pode pôr nos nossos sapatos. Tem de nos ser dado o direito à tristeza, ao desapontamento, ao desgosto. Gosto de usar uma expressão que se aplica ao mundo dos animais: precisamos de «lamber as feridas» para sararem mais depressa.
Só assim conseguimos voltar a encarar a vida como esta merece, colher na família e nos amigos a força que nos empurra.
Este início de ano, o meu pensamento vai para si. Para si que perdeu alguém próximo, que ficou sem emprego, que ficou sozinho no decorrer da vida. Gostava de lhe dizer que acredito que há sempre forma de dar a volta, de melhorar e, principalmente, de não desistir de tentar. Sou teimosa, isso por vezes ajuda.
Porém, nesta altura de «confetis» e sorrisos bem-intencionados, mas por vezes forçados, reclame para si o direito a alguma tristeza. Só assim conseguiremos resolver e encerrar os assuntos que nos fecham o ano anterior em baixa, para seguir em alta no próximo.
Bom 2020!