PARTILHO CONSIGO, com a devida autorização, um post que José Manuel Monteiro, animador da Rádio Sim, colocou no FB: «Tenho vindo a pensar bastante na solidão das pessoas ou, pior, no individualismo. Sou do tempo em que a melhor coisa era estar rodeado dos amigos e da família. Mas hoje as pessoas vangloriam-se por irem de férias sozinhas e já não conseguem ir acompanhadas. Acham que o melhor programa de um sábado à noite é ficar sozinho em casa a ver a Netflix. Gostam de afirmar, como se fosse algo bom, que não querem ninguém para construir uma relação a dois porque sozinho é que se está bem.
Começo a ter medo deste individualismo.»
Li com atenção, e até comentei em tom de brincadeira que, para uma mãe de três filhos, um fim de semana sozinha no sofá a ver séries é uma excelente prenda. E é! Os pais têm tendência a deixar de ter vida própria porque o dia a dia dos filhos, especialmente se forem pequenos, sobrepõe-se. A diferença é que essa é a exceção e não a regra. Gosto de estar sozinha de vez em quando, para organizar as ideias e dedicar-me com elevado empenho ao dolce far niente. Mas é por ser raro que me sabe tão bem. Se durar muito tempo, o assunto já é diferente: fico ansiosa, com a sensação de vazio e tempo a mais para o que sei fazer sozinha.
Há dias comentei com os meus filhos que, quando era adolescente e ia de férias, arranjava sempre amigos novos. Hoje parece-me mais difícil. A alternativa de uma qualquer distração no nosso telemóvel deve ter-nos ajudado a perder a «lata» de um sorriso ou de um «olá».
Não sou fatalista e gosto mais de olhar para a frente do que para trás, mas uma dica ou outra do tempo em que a eletrónica ocupava menos a nossa vida, ou seja, do tempo em que os animais falavam, também pode ajudar a geração Z a viver melhor esta realidade de conhecer pessoas novas, essa coisa esquisita!!!
Dina Isabel é locutora e diretora da Rádio SIM - dina.isabel@rr.pt