Há uns tempos, ouvi uma pessoa cuja amizade muito prezo, o padre Vitor Gonçalves, dizer o seguinte: «Corrigir é expressão de amor.» Reforçou ainda: «Se o fizermos com o desejo genuíno de querermos o melhor para essa pessoa.» Fiquei a pensar nisso, melhor dizendo, a matutar no assunto.
As primeiras pessoas de quem me lembrei foram, obviamente, os meus filhos. São as pessoas que mais amo no mundo e a quem desejo o melhor. Corrigir os filhos é obrigação dos pais, correndo sempre o risco de «sermos os piores pais do mundo» porque não os deixamos fazer o que querem. Obviamente que dizer que não, ou dar uma reprimenda por comportamentos menos corretos, acaba por criar conflito e desagrado. E disso ninguém gosta.
No entanto, a verdade é que não contrariar as nossas crianças não as ajuda. Ao longo da vida queremos que tenham capacidade de resistir à frustração, que saibam distinguir entre o bem e o mal, que sejam pessoas educadas e sensatas. Que estejam preparadas para lidarem com as coisas boas, mas também com as coisas menos boas.
Birras todos fizemos, faz parte do crescimento. Nunca me esqueci de uma entrevista que fiz ao Professor Eduardo Sá (psicólogo) na qual ele disse que as birras são uma coisa boa. No seu entender, uma criança que faz birras só o faz porque tem confiança absoluta do amor dos pais. Fez-me sentido e aliviou as minhas dúvidas de mãe preocupada.
A vida é feita de escolhas com consequências no futuro. Tenho dois filhos adultos e uma adolescente. Espero estar à altura de os encaminhar nessas decisões. Não abdico de dar a minha opinião, por vezes contrária. Tenho a consciência de que procuro sempre pensar primeiro neles e não em mim. Mas no fim, em particular os mais crescidos, são eles que decidem.