Tem apenas 1,60 m, mas a sua voz enche mesmo as maiores salas de espetáculos. Onde quer que Anastacia vá, o arrepio na espinha é garantido. Uma reputação que remonta ao álbum de estreia, Not That Kind, que, em 2000, vendeu cinco milhões de cópias por todo o mundo e levou a êxitos radiofónicos como «I’m Outta Love» ou «Left Outside Alone». Mas, em 2003, o desastre bateu-lhe à porta. Foi-lhe diagnosticado um cancro na mama. Pior: dez anos depois, o cancro voltou. Mas esta otimista de 45 anos não desistiu. Agora está de regresso – com o seu novo álbum, Resurrection, e uma nova consciência do corpo e de si.
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Como está?
Anastacia:
Bem! Estou muito feliz comigo. E ainda há dois anos não sabia se isso iria alguma vez acontecer.
Não admira. Em fevereiro de 2013 foi-lhe diagnosticado um cancro na mama, pela segunda vez. Meio ano depois, fez uma dupla mastectomia.
Já tinha decidido que o faria muito antes, cerca de dois anos depois de ter lidado com o cancro pela primeira vez. Convenci-me a esperar, a ver se o cancro voltava. Voltou e, de imediato, a resposta foi muito clara: iria mesmo fazer uma dupla mastectomia.
Não a faz sentir-se menos mulher?
Os avanços neste campo são tão grandes que não nos sentimos menos mulheres. Pelo contrário, os novos seios são reconstruídos segundo os desejos da paciente, de uma forma gradual e saudável. Nunca se fica completamente lisa, com uma cicatriz e sem mais nada – não é de facto isso que acontece. Três semanas ou um mês depois da cirurgia, uma pessoa tem aqui uma parte feminina.
E, no final, os resultados podem ser melhores do que o que existia?
Podem ser melhores do que no início, sim. Especialmente para mulheres que perderam muito peso ou que tiveram vários filhos. É possível, mesmo com toda a luta, ficar numa situação melhor. É uma forma simpática de sair de um cancro, olhar e dizer: «Humm, estas são giras!» (risos)
Por estranho que pareça, toda a experiência do cancro teve também um impacto positivo em si?
É um facto que, mais do que qualquer coisa, mudou a minha perspetiva sobre a saúde. Já não bebo álcool. Alimento-me de maneira muito mais saudável. Seja um cancro ou a saída de uma editora, vou encontrar uma forma de aproveitar o melhor.
Como é que é voltar a namorar?
Sempre fui muito tímida quanto a namoros. Como pessoa, sou extrovertida. Mas, quando se trata de namoros, não sou tão corajosa quanto aparento. Sou até um bocado antiquada. Mas não me sinto nem mais nem menos sensual. Acredito que serei capaz de voltar a ter o que achava que tinha. Assim, continuo a trabalhar ao mesmo nível, o que quer se seja esse nível. (risos) Mas para mim, como mulher, quanto mais velha, mais exigente.
Depois de tudo o que acabou de dizer, como se sente ao ver a comunicação divulgar Resurrection como o seu grande álbum do cancro da mama?
Bem, essa é apenas uma forma fácil de não serem controversos, ou de serem simpáticos… É mais fácil apresentarem- no como «O Álbum das Mamas». A isso só posso responder: OK, sim, tive cancro da mama, mas espero ser mais conhecida pela minha voz do que pelo tamanho do meu soutien. (risos) Tento voltar ao facto de que sou uma cantora de todas as vezes que tenho cancro. (risos)
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ANASTACIA Nascida a 17 de setembro de 1968 em Chicago, no Illinois, Anastacia Lyn Newkirk soube que tinha a doença de Crohn aos 13 anos. No entanto, isso nunca a impediu de se tornar uma bem-sucedida dançarina e voz de coros nos anos 80. Em junho de 2000, lançou o seu primeiro trabalho a solo, Not That Kind, que se tornou um êxito mundial. Três anos depois, adoeceu com cancro da mama, o qual reincidiu em 2013. No início de maio deste ano, a cantora apresentou o seu álbum de regresso, Resurrection. Anastacia é divorciada e está atualmente sem parceiro.