EM TERMOS DE BILHETEIRA, Steven Spielberg, que fará 70 anos no dia 18 de dezembro, é o realizador de cinema com mais êxito no mundo. Tubarão, E.T., Indiana Jones… Os seus filmes são clássicos do cinema. Mas, juntamente com estas sagas populares, também se meteu em assuntos mais sérios. Os espectadores de cinema em todo o mundo consideraram o seu drama a preto-e-branco sobre o Holocausto, A Lista de Schindler, profundamente comovente. Este ano viu o lançamento de O Amigo Gigante, uma versão em cinema do livro infantil de Roald Sahl, em que um gigante benevolente «rapta» uma pequena menina órfã.
Selecções: A pequena heroína do seu último filme tem medo de gigantes. De que é que tinha medo quando era criança? Spielberg: Eu era o meu próprio monstro. A minha imaginação era incrível, por isso tinha medo de tudo. Uma cadeira podia transformar-se muito rapidamente numa aranha. Lembro-me de olhar para o céu quando tinha cinco anos: uma das nuvens lá em cima parecia um lindo cisne, e depois de repente era um dinossauro. Fugi para casa a gritar.
O que é que os seus pais pensavam disso? Para os meus pais, a minha imaginação era um verdadeiro problema, tanto que pensaram seriamente em levar-me ao médico. Afinal, eu andava sempre a ver coisas que só existiam na minha cabeça. A minha mãe e o meu pai pensavam que eu tinha problemas mentais graves. Provavelmente tinha – mas foram o caminho para uma grande carreira!
Até que ponto lhe é importante preservar a criança que tem dentro? O que é fascinante nas crianças é que estão simplesmente ali. Quando são pequenas, não distinguem o certo do errado – para elas não é importante. Esses são anos de absoluta liberdade, que terminam quando, a dado momento, o cérebro ganha controlo e nos diz para nos portarmos bem. Lembro-me desses tempos muito claramente.
Vai fazer 70 anos em dezembro. O que considera ter sido o principal objetivo da sua carreira? O direito de decidir os meus próprios projetos. Foi sempre esse o meu objetivo: contar as minhas histórias sem interferências de ninguém. Foi também por isso que fundei os meus próprios estúdios. A liberdade artística é tudo para mim.
Que filme gostou mais de fazer? E.T. – o Extraterrestre, porque foi a primeira vez que percebi que queria ser pai.
Três anos depois, cheguei finalmente onde queria, com o nascimento do meu primeiro filho.
Faz filmes caseiros? Sim, tenho sempre uma câmara de vídeo comigo. No Natal é tradicional haver um filme conjunto acerca da família, que dura uma hora. Eu edito as filmagens que fui fazendo ao longo do ano, e combino-as com os vídeos dos nossos filhos. E claro que há banda sonora e efeitos especiais. Todos vemos o filme juntos e todos recebem um DVD.